domingo, 4 de janeiro de 2015

Foram 10 semanas, apenas...

Foram 10 semanas, apenas... muito rápidas. Mas, tempo suficiente para nos ensinar o verdadeiro sentido do amor... sim, o amor incondicional. Apenas dois encontros com exames que nos aproximaram de maneira linda e intensa. No último exame foi possível perceber as batidas do coração! Nossa...!!! Tão rápidas eram as batidas... Foi possível perceber a formação de alguns membros... Nosso anjinho estava crescendo. A cada dia crescia também o cuidado, carinho e, principalmente, o amor. Os questionamentos eram constantes, será que pode isso ou aquilo? Será menino ou menina? O que prefere? Será que vai chegar com saúde? Às vezes era até engraçado... Os conselhos dos amigos: "Tome muita água viu!? Coma bastante frutas... peixe é muito bom" rsrsrs. Aos poucos e, às vezes, muito rápidos íamos nos adaptando à realidade do anjinho. O cardápio da mamãe mudou, o jeito do papai também já havia mudado. Coisas que o papai e a mamãe faziam antes, agora nem pensar! Um dia marcado pela ansiedade de ver a barriguinha da mamãe crescendo, indaguei: - “Ouxe minha barriga tá maior que a tua, viu!? Cadê esse menino(a)?” (rsrsrsrsr).
Gostaria de escrever tantas coisas, tantas emoções vividas em tão pouco tempo. Foi um emaranhado de sentimentos... difícil descrevê-los. Sei que estão todos eternizados dentro de mim. Minha alma ainda anela com tenacidade o encontro com meu anjinho... sei que ele não veio para aquele abraço tão desejado, mas sei que ele veio para mudar nossas vidas, dá um novo rumo e sentido, fazer novos votos e acreditar em novas possibilidades, nos mostrando que a vida é breve e deve ser vivida com a intensidade de cada amanhecer e as várias cores de cada pôr do sol!
Quando meu anjinho partiu perdi noção de tempo e espaço. Procurei a mim mesmo e não encontrei. Procurei tantas coisas... Procurei inclusive não acreditar no que estava acontecendo. Mas, encontrei a realidade do aqui e agora. A realidade pintada de cores desconhecidas, cores sem graça, despretensiosas e inanimadas. Continuei a procura e encontrei no olhar da minha esposa a dor da perda, do desencanto e da desesperança... encontrei nas suas lágrimas o vazio da alma e o sabor amargo do “não acredito no que está acontecendo”. Entre a dor das contrações e a dor do coração, entre o tudo que naquele momento era o nada, minha esposa faz um pedido: “Me desculpe!?”
Entalei: Não tem o que desculpar! Não temos o que questionar! Temos que continuar, prosseguir, acreditar... Nosso anjinho durou tempo suficiente para fazer de nós pessoas melhores!
Temos que agradecer a Deus e ao nosso anjinho por tudo o que eles nos ensinaram. Muito obrigado!
Claro que a dor existe, que a saudade existe, claro!
Claro que valeu a pena, claro que amamos e vamos continuar amando! Claro!
Nós te amamos.
Obrigado a todos que partilham deste amor conosco!
Foram apenas 10 semanas!
Ildeilson Santos

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O que fazer com o outro em situações difíceis?

Existem momentos na vida que nos encontramos bem assim: descalços, diante de um caminho cheio de pedras duras e pontiagudas. Só há este caminho. Em momentos assim, só nos resta sermos fortes, encarar o desafio do caminhar e seguir em frente. Mas como isso é possível? Faz-se impossível o não se machucar nas severas pedras. Então, é exatamente neste momento que entendemos que não há uma formula mágica que nos faça chegar à força sem que antes tenhamos provado a fraqueza. São em momentos assim que precisamos enxergar as miudezas da vida, pois sem dúvida nestas miudezas encontramos não outros caminhos, mas pequenas possibilidades de um caminhar não sem sofrimentos, mas atenuado e permeado pela certeza de chegar do outro lado como um vencedor. E quem disse que os vencedores não sofrem e não se machucam? Bom, é assim a vida!
Nunca se desfaça de algo ou alguém, sem antes saber o verdadeiro motivo pelo qual quer se desfazer. Nem sempre tais motivos são óbvios, nem tudo está às claras. Penso ser necessário garimpar, esmiuçar o coração do outro, talvez assim enxergaremos para além de um simples olhar. O outro nem sempre nos convencerá com suas palavras, portanto, é preciso olhar nos olhos... Em alguns casos, um abraço sincero, um toque no rosto e até mesmo um sorriso. Estas ações podem trazer a tona verdades jamais esculpidas nas palavras.
Dou-lhe um conselho: quando não encontrar no outro, procure em você mesmo, assim como o artesão procura sua arte escondida nos excessos na matéria bruta de sua pedra. O belo nem sempre é exposto, nem sempre pode ser visualizado, mas sempre pode ser sentindo, e melhor que senti-lo é absorvê-lo, assim nos tornaremos em atitudes tão belos quanto o belo.
Não há nada mais belo do que oferecer, amor, ternura, aconchego e perdão para aquele que, por qualquer motivo, espera de mim e você, desprezo, aversão, indignação, odiosidade e tudo mais que se assemelhe à dor.
Que neste momento você aceite com serenidade as coisas que não podem ser modificadas, tenha coragem para modificar as que podem e sabedoria para perceber a diferença.
Agora lhe pergunto: - Diante do que você está vivendo. O que não pode ser modificado? O que pode ser modificado?


Ildeilson Santos

domingo, 8 de junho de 2014

Mudanças...


Abandonei fidúcias e deixei convicções de lado, abdiquei de logradouros judiciosos, adornei-me de indumentárias maiores que eu, tenho feito uso de pontos, vírgulas, exclamações, acentos e interrogações em lugares inconvenientes. Não solvo somente água, iogurte, refrigerante ou café, embrenho-me nas delicias da vida que outrora tolheram de mim.

Ildeilson Santos

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Retornos


Estimo ser respeitável apreciarmos uma ida que nos permita devolver-nos para nós mesmos. As estradas da vida parecem sempre nos levar. Há em mim um desejo incontido de ver tais caminhos serem transformados por retornos e reencontros. Eu vou, irei sempre, pois não aprendi ficar, vou guiado pelo corrimão da mística na incerteza dum retorno. Vou seguro nas mãos do mito da esperança, pois para onde irei é um lugar que sugere descanso, ausência de correntes e gaiolas. Este é o lugar e também o não lugar.

Ainda que o caminho seja longo, dele não desisto. Insisto em deslumbrar possíveis retornos à caça de mim mesmo, assim vislumbrarei uma bela travessia. Irei partir no retorno, farei o caminho inverso, mas não passarei pelos mesmos lugares, nem retornarei ao princípio. Retornarei para o lugar do qual nunca sair e reencontrarei pessoas que nunca vi...

Ildeilson Santos

domingo, 22 de setembro de 2013

Diz-se, Soberano


Venero arrazoar no adverso que nem sempre é o desfavorável, no antagônico, no dessemelhante, no não “ser”, no não lugar, no contraste, no equívoco, no profano, no anormal, no inferno, no demônio, nos espaços não visitados porque não são bem vistos pelas pessoas. Mas esperem um pouco, porventura, quem são as pessoas para dizerem o que é bem visto ou não? Refletir sobre tais possibilidades incomoda os conservadores, aqueles que reproduzem a opressão e o sistema que financia a impossibilidade do pensar.

Discursamos do nosso pedestal preconceituoso, para emitir juízo extremamente tendencioso, abordando: moral, ética, bom, ruim, certo, errado, grande, pequeno, feio, bonito, preto, branco, sim, não, enfim...

Partir da minha realidade para ditar quais caminhos precisa ser percorrido para que alguém se encontre na existência, é talvez uma tentativa perigosa de nos posicionarmos como um Superior Tribunal que não tem Corte acima dele que o julgue, por isso, diz-se, Soberano. Porém, no que tange a dias atuais não tem nos parecido ser um Tribunal tão Supremo e Soberano assim.
 
Ildeilson Santos

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Erros: Indicadores de vida


Fiquei atarantado hoje pela tarde, quando ouvi alguém proferir: “Você não aprendeu com seu irmão. Tá vendo... Você deveria ter aprendido com o erro dele!”
Sempre ouvi, e acredito que você também, o adágio popular que diz: “Aprenda com o erro dos outros.”
Achava interessante e, por algumas vezes, usei também este adágio. Hoje, ele me ecoou um tanto quanto fastiento. Não sei se pelo contexto... Talvez!
Mas penso que tal adágio mereça reflexão:
Aprender com o erro do outro. Como funciona isso?
Vê que o outro errou e não fazer o que ele fez de errado. Pronto. Está resolvido. Seria fácil e sem graça, não acha?
E o processo de vir a ser sendo e acontecendo, destruindo e re-construindo, desfazendo e re-fazendo, desaprendendo e re-aprendendo, morrendo e re-vivendo... Estas são pérolas da vida que são conquistadas na vivência, na prática, no toque, no “estar com”, no movimento da existência.
Aprender com o erro alheio, sim acontece.
Porém, aprender com seus próprios erros é garantia de estar vivendo, existindo e reinventando a vida ao mesmo tempo em que se mistura com ela.


Ildeilson Santos.

domingo, 8 de setembro de 2013

Apenas um rascunho


Quem é a senhora?
Esta pergunta foi feita a uma terna senhora na porta da emergência de um hospital.
Gentilmente ela respondeu: “Apenas um rascunho”.
Aquela terna senhora com as mãos seguras nas grandes do portão e com semblante preocupado causou-me um imenso espanto.
- Como pode alguém ser “um rascunho”?
Pronto, comecei uma viagem ao mundo dos rascunhos...
O que ela quis dizer?
- Não sei e não tive coragem de perguntar.
Assim, iniciou um processo de crise dentro do meu ser.
O rascunho seria:
O inacabado?
O processo de vir a ser?
A confluência da vida?
A mistura de pequenos encontros?
Aquilo que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha?
Ou apenas o devaneio de uma mente perturbada?
Não sei, não sei e não sei...
Só sei que a vida da terna senhora me afetou com o seu poder de vivência, empurrando-me para sentimentos inusitados e carregados de sentidos ocultos.
Neste lugar, que também é o não lugar, fico confuso com tantas chegadas e partidas, as vezes penso até que meu coração não vai suportar. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos e previsíveis. E assim, prefiro continuar a confluência de esperanças futuras, mesmo diante das incertezas. Acompanhando a ternura do olhar daquela senhora que com suas mãos seguras nas grades do portão, reponde: “Apenas um rascunho”. 
Ildeilson Santos
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