domingo, 8 de setembro de 2013

Apenas um rascunho


Quem é a senhora?
Esta pergunta foi feita a uma terna senhora na porta da emergência de um hospital.
Gentilmente ela respondeu: “Apenas um rascunho”.
Aquela terna senhora com as mãos seguras nas grandes do portão e com semblante preocupado causou-me um imenso espanto.
- Como pode alguém ser “um rascunho”?
Pronto, comecei uma viagem ao mundo dos rascunhos...
O que ela quis dizer?
- Não sei e não tive coragem de perguntar.
Assim, iniciou um processo de crise dentro do meu ser.
O rascunho seria:
O inacabado?
O processo de vir a ser?
A confluência da vida?
A mistura de pequenos encontros?
Aquilo que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha?
Ou apenas o devaneio de uma mente perturbada?
Não sei, não sei e não sei...
Só sei que a vida da terna senhora me afetou com o seu poder de vivência, empurrando-me para sentimentos inusitados e carregados de sentidos ocultos.
Neste lugar, que também é o não lugar, fico confuso com tantas chegadas e partidas, as vezes penso até que meu coração não vai suportar. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos e previsíveis. E assim, prefiro continuar a confluência de esperanças futuras, mesmo diante das incertezas. Acompanhando a ternura do olhar daquela senhora que com suas mãos seguras nas grades do portão, reponde: “Apenas um rascunho”. 
Ildeilson Santos

Um comentário:

  1. Tua sensibilidade me toca. Me sinto representada em teus textos Dey. Eu desejo que a fonte de inspiração que te move nunca se esgote e que Deus através da vida sempre te mostre os detalhes, que é o que importa para alma. Abç.

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