Quem
é a senhora?
Esta
pergunta foi feita a uma terna senhora na porta da emergência de um hospital.
Gentilmente
ela respondeu: “Apenas um rascunho”.
Aquela
terna senhora com as mãos seguras nas grandes do portão e com semblante preocupado
causou-me um imenso espanto.
-
Como pode alguém ser “um rascunho”?
Pronto,
comecei uma viagem ao mundo dos rascunhos...
O
que ela quis dizer?
-
Não sei e não tive coragem de perguntar.
Assim,
iniciou um processo de crise dentro do meu ser.
O
rascunho seria:
O
inacabado?
O
processo de vir a ser?
A
confluência da vida?
A
mistura de pequenos encontros?
Aquilo
que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha?
Ou
apenas o devaneio de uma mente perturbada?
Não
sei, não sei e não sei...
Só
sei que a vida da terna senhora me afetou com o seu poder de vivência,
empurrando-me para sentimentos inusitados e carregados de sentidos ocultos.
Neste
lugar, que também é o não lugar, fico confuso com tantas chegadas e partidas, as
vezes penso até que meu coração não vai suportar. É nesta hora em que me pego
alimentando sonhos de cotidianos estreitos e previsíveis. E assim, prefiro
continuar a confluência de esperanças futuras, mesmo diante das incertezas. Acompanhando
a ternura do olhar daquela senhora que com suas mãos seguras nas grades do
portão, reponde: “Apenas um rascunho”.
Ildeilson Santos
Tua sensibilidade me toca. Me sinto representada em teus textos Dey. Eu desejo que a fonte de inspiração que te move nunca se esgote e que Deus através da vida sempre te mostre os detalhes, que é o que importa para alma. Abç.
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