Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
Nossa Dey!!! Essa poesia do Bandeira é mesmo de arrepiar!!
ResponderExcluirNo MOC, onde trabalho, tenho contato com muitos municípios próximos de Feira, especialmente a zona rural deles. E uma das coisas que tenho aprendido é a importância do campo para o bom convívio cidade-campo; a vida digna do semiárido; as possibilidades de armazenamento de água para consumo e para a produção, o que garante a sobrevivência dos trabalhadores e trabalhadoras rurais; enfim...
Lendo essa poesia hoje, só penso nas pessoas que dentro do processo de êxodo rural provocado, principalmente, pela seca e extrema pobreza, acabaram inchando as cidades e formando as favelas, habitando as ruas, os lixões e compondo o cenário miserável da zona urbana.
Lamentável!!!
Bandeira é o bicho...
ResponderExcluirSempre atual... Bem colocado Netinha o projeto burguês capitalista q arrastou inúmeras pessoas para as areas urbanas nao as deu condições nem mesmo de continuar sendo gente...