Já há
alguns dias me atino a pensar em Deus criador do
universo, sustentador do cosmo. Um Deus ilimitado, para além do além. Ao mesmo
tempo em que este Deus se revela nos limites do útero de Maria durante nove
meses. Como um bom baiano, pensar nesta
possibilidade me faz exclamar: “Oxente, como assim?”.
Pensar
Deus a partir dos esboços sistemáticos teológicos é de fato crer no absurdo,
pois Deus é "algo" que não começa nem termina. Não é possível entender Deus.
Tertuliano diz: “Eu creio porque é absurdo”. Deus é absurdo. Ele é tão absurdo
que não é possível percebê-lo adsorvido ao tempo e espaço. Ele é “aquilo” que
não se pode dizer ou definir, totalmente incompreensivo. Para o homem era
simplesmente impossível aproximar, ver, tocar ou sentir Deus. Mas, no tocante a isso, o
absurdo torna-se ainda maior. Deus é tão absurdo que se diminuiu até que chegou
ao útero, fez-se homem. Deus no útero é um absurdo, Ele se esvazia d’Ele mesmo,
se diminui, sendo Homem e Deus.
Deus
encarnou em Jesus de Nazaré, que nasceu em Belém da Judeia. No natal,
comemoramos o dia em que Deus ficou do tamanho do homem. Veja só que loucura!
Deus do tamanho do homem.
Só é
possível percebermos Deus através de Jesus, só é possível pensar em Deus
através de Jesus, só é possível sentirmos Deus através de Jesus. Deus se
relaciona com o homem através de Jesus. Sendo assim, só posso falar de Deus
tocando em Jesus. “Há um só Deus e mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo, homem”. Ou seja, quando nós quisermos pensar em Deus, temos que pensar
em Jesus. Qualquer outra coisa que pensarmos de Deus e não passarmos por Jesus,
certamente estaremos designados ao erro. Tudo o que pensamos sobre Deus, tem
que está em Jesus. Se a fala sobre Deus não condiz com Jesus, então, esta fala
não tem valor algum, é palha.
Jesus
disse assim: “Quem me viu a mim, viu o Pai”.
Creio, por isso é absurdo. Jesus é Deus. Toda fala sobre Deus aponta
para Jesus, se assim não for, não há Deus.
Jesus
é a exata expressão de Deus o Pai. Paulo disse: “Em Jesus habitou a plenitude
da divindade”.
A
igreja cristã tem vivido a dois mil anos tentando mostrar que Jesus é igual a
Deus, penso que chegou a hora de mostrarmos que Deus é igual a Jesus.
Deus,
o absurdo, ele é espírito, intocável, invisível, inalcançável. Contudo, Jesus
está entre nós, ele é carne, palpável, visível, alcançável, este é o verdadeiro
sentindo do natal. Deus é igual a Jesus, por isso se torna possível, és um absurdo ainda maior.
O
natal é a data mais extraordinária do calendário cristão, pois o Deus
inacessível, absurdo, se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória. Isso
é natal. Por isso Ele é Emanuel (Deus misturado no barro).
Natal
é Deus no útero, é Deus na gente e com a gente, é o Deus gente.
O
natal é a evidência que só encontramos Deus em Jesus Cristo homem, é no mundo
dos homens que encontramos Deus.
Onde
está Deus no mundo dos homens? Nos homens. É por isso que a Bíblia diz que a
Igreja é o corpo de Cristo. Quem quer encontrar a Deus, precisa procurá-lo no
mundo dos homens. Deus está na terra, no homem.
Nós
não habitamos a “espiritrosfera”, nós habitamos o planeta terra. Nós não vamos
experimentar Deus em arrebatamentos para o céu, Deus só pode ser experimentado
no mundo dos homens.
O
natal é o encontro das relações, do amor, do perdão, da gratidão, do aconchego,
do carinho, do sorriso, do abraço, da família, da alteridade, da cumplicidade,
da harmonia, da bondade, da troca de presentes, da mesa comunitária.
Natal
é sair do nosso casulo de egoísmo orgulhoso para abraçar o outro, para olhar o
outro, tocar no outro. Natal é a experiência de acolhimento, afeto e amor. Natal
é ser-no-mundo-com-o-outro.
O
natal é gente encontrando gente; é Deus em Jesus tornando-se gente.
Feliz
natal.
Ildeilson Santos
PERFECT
ResponderExcluirJ.RAMOS
Linda reflexão. Fiquei de joelho viu? rsrsrs
ResponderExcluirSuas Palavras, são impressionantemente, Pastor.
ResponderExcluirAnderson Teles
ExcluirSábias e preciosas palavras mestre.
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