terça-feira, 23 de novembro de 2010

Por que ninguém se importa comigo?

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


Bertold Brecht



O que vai ser?

E assim,
Muitos vão seguindo seu caminho..
Não se importando com o outro,
Sempre acreditando que nunca vai precisar de alguém.
Mas um dia... Um dia... 
Onde a vida dá uma volta e se volta para voltar,
Neste dia,
Você pode precisar de alguém,
Que se importe contigo também.
E aí?...

Ildeilson Santos

domingo, 14 de novembro de 2010

O pastor ferido, o pastor sacerdote e o pastor amigo!


Certo dia, um homem muito intelectual portador de vários diplomas, um Phd, encontrou com certo rabino que não consigo  lembrar o nome, mas o boato acerca de tal rabino era que ele conhecia muito bem o caminho da graça, do perdão e do amor. Conversar com ele era como ouvir palavras inaudíveis, perceber atitudes surpreendentes, ver aquilo que os olhos jamais contemplaram.
Este rabino, que não lembro o nome, viveu aqui pouco mais de trinta anos. Ele fez alguns discípulos e dizem até que ressuscitou mortos, curou enfermos, expeliu demônios, fez coisas inacreditáveis.
Não é de se admirar que um homem com tamanho poder seria capaz de fazer discípulos. Conta-se a história que milhares de pessoas aderiram ao projeto de discipulado ensinado pelo rabino. E, até os dias de hoje, milhares de pessoas vivem na expectativa de vivenciar este discipulado.

O homem muito bem instruído, Phd em uma área que também desconheço, fez uma pergunta um tanto capciosa ao tão magnífico rabino.
A pergunta foi: Como ser um bom pastor?

O Rabino logo se voltou para o Phd, admirado por tal pergunta e propôs uma parábola.

Certo dia, um pastor estava a cuidar de suas ovelhas, como fazia corriqueiramente, em busca de água, pastos verdejantes e campos repletos de tudo o que as mesmas precisavam para sobreviver. Ele as conduzia as águas tranqüilas em busca sempre de paz e refrigério.
Mas, como todo pastor, ele corria os riscos sempre evidentes do vale da sombra e da morte. Vale este, que está localizado logo à frente, um pouco mais adiante, onde todo pastor e suas ovelhas hão de passar. Será inevitável, não existe um atalho, não se pode mudar a rota, é um único caminho. É o caminho da vida!
É a vida e seus emaranhados, suas implicações, suas reviravoltas, astúcias, engrenagens, sutilezas... Esta é a vida, que só pode ser vivida uma única vez. A oportunidade está diante de ti, de viver com intensidade e ser feliz. É sempre bom lembrar que esta vida é breve, passa muito rápido e se não for aproveitada, quando chegar ao final, só restará cantar Epitáfio: “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer, devia ter arriscado mais, e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer... Queria ter aceitado, a vida como ela é, a cada um cabe alegrias, e a tristeza que vier...

O que de fato aconteceu foi que, ao passar pelo caminho da vida, no vale da sombra e da morte, que é um local, muito arriscado, ladeirado, uma estrada bem estreita e íngreme, cheias de curvas, este pastor, na labuta por suas ovelhas, por algum motivo se descuidou e escorregou caindo no despenhadeiro. Por milagre, conseguiu, com seu cajado pastoral, se agarrar em alguns ramos e ficou pendurado.
Ali estava um pastor ferido. Suas ovelhas, sem muito entender, ficaram abismadas, confusas, querendo salvar seu pastor querido, mas as mesmas não obtêm dos recursos necessários para ajudá-lo. Elas choravam, gritavam por socorro: “não podemos perder o nosso pastor, mas não sabemos como salvá-lo”. Elas bem que se esforçaram, mas o trabalho foi inútil! A cada momento que passava o pastor ferido se distanciava um pouco mais de suas ovelhas... Os ramos que prendiam o cajado estavam cada vez mais frágeis e, aos poucos, se soltavam do chão, não restando muito tempo ao pastor ferido. O abismo o esperava, o vale seria realmente sombrio e mortífero.

Mas, naquele instante, um pastor de grande eloqüência, um exímio pregador, um sacerdote de fato, estava a passar pelo mesmo caminho. As ovelhas se alegram, pois perceberam pelas vestes e pelo fato dele está com uma Bíblia em mãos, que aquele homem era um pastor. Logo, elas se agitaram e fizeram de tudo para chamar-lhe sua atenção, pedindo ajuda. Porém, o pastor sacerdote tinha suas obrigações com a instituição. Ele não podia parar. Iria se atrasar... Já estava no horário do culto, centenas de pessoas estavam a sua espera e, naquele dia, ele havia preparado o mais empolgante sermão de sua vida. Ele até parou, segurou na aba do seu terno italiano Dolce & Gabbana, consertou o nó de sua gravata importada Nina Ricci, percebeu que o seu sapato mocassim estava empoeirado precisando de um lustre antes mesmo de chegar à igreja, afinal de contas, aquela era um noite muito especial, pois o culto tinha como tema central a crucificação e ressurreição de Jesus Cristo. Ao se inclinar, viu o pastor ferido, mas não quis se comprometer. Aquele pastor ferido poderia lhe trazer prejuízos, atrasos, as pessoas poderiam falar mal do pastor ferido e se ele o ajudasse, também poderia ser alvo das críticas. Enfim, o pastor sacerdote preferiu não se envolver, escolheu ser imparcial, optou passar de largo, seguir seu caminho e esquecer que na caminhada da vida, um dia ele deparou-se com um pastor ferido caído à beira do caminho.
As ovelhas revoltadas não entendiam o porquê da indiferença, o que o impedia de estender o seu cajado, a sua Bíblia para ajudar o pastor ferido? Assim, se foi o pastor sacerdote, em busca de cumprir suas obrigações religiosas e “salvar” mais algumas almas para encher sua igreja de fiéis e acrescentar a entrada de dízimos no final do mês.
Desespero, angústia, dor e morte, afinal de contas, aquele era o vale da sombra e da morte. Não havia mais esperanças, as ovelhas não queriam sair de perto do seu pastor que aos poucos escorregava, não tendo mais forças para continuar segurando o seu cajado. Era como ver a morte chegando aos poucos: ele agonizava, chorava, lamentava, mas nada as ovelhas podiam fazer. É o fim! Sim o fim chegou! O vale é o caminho que aponta para a morte!

Algumas ovelhas já desistiam, outras não suportavam ouvir os gemidos do seu pastor ferido. O sentimento de impotência fazia com que as ovelhas se dispersassem sem destino e sem direção... Quando o pastor é ferido as ovelhas ficam perdidas, a mercê dos ataques de predadores, feras e falsos pastores.

Lágrimas são as expressões mais autênticas do desencanto.

Porém, “quero trazer à memória aquilo que me dá esperança”.  (Lamentações 3:21)

Quando nada mais poderia ser feito, ver-se à distância alguém se aproximando. As ovelhas se alegram, acreditam que outro pastor está vindo e passará pelo caminho. Mas, ao se aproximar, o desânimo toma conta das ovelhas, pois o homem não tem aspecto de pastor. Ele não carrega uma Bíblia, mas sim uma prancha de surf; ele não está de terno e gravata importada, está de short; não está usando sapato mocassim, está descalço, pés na areia. Se um pastor oficial do sacerdócio não se importou com o seu “amigo” ferido, imagine só, se um homem com aspecto diferente dará a mínima atenção?
Realmente, aquele homem não tinha aspecto de pastor sacerdote, mas para surpresa de todos, ele era um discípulo de Jesus. Aprendeu com os ensinamentos do Cristo, a cuidar, respeitar, proteger, integrar, amar e jamais abandonar alguém na caminhada da vida, principalmente, se este alguém estiver no vale da sombra e da morte.
Este discípulo se recusa a ser chamado de pastor sacerdote, pois não compreende o ministério pastoral como meio de sobrevivência e sim como fonte de vida e graça, inclina sua prancha de surf para que o pastor ferido segure e seja trazido de volta à vida. Ele se envolve com o pastor ferido, não querendo saber quais as causas das feridas, quer apenas curar suas chagas e oferece afeto, atenção e amor. Este discípulo pode ser aqui chamado de pastor amigo!
Este pastor amigo, não se importa com falácias e possíveis críticas que podem ser feitas ao pastor ferido e que, por conseqüência, poderiam lhe atingir também. Ele se envolve com a vida, gera vida, protege a vida e possibilita ao pastor ferido, ser curado, restaurado e renovado, para que o mesmo prossiga na caminhada da vida, com mais cuidado e tendo em seu coração, a certeza de jamais deixar alguém caído à beira do caminho.
O rabino então conclui a parábola fazendo a seguinte pergunta ao Phd: Para você, qual dos dois pastores foi um bom pastor, o pastor sacerdote ou o pastor amigo?

O Phd responde: O pastor amigo!

O rabino então conclui: Você realmente é muito inteligente! Vá e haja sempre desta maneira!! Nunca, jamais, em hipótese alguma, deixe alguém caído à beira do caminho!
A proposta do Reino de Deus é justamente esta: está ao lado daqueles que, por algum ou qualquer motivo, foram esquecidos, desprezados, rejeitados a beira do caminho da vida.

Agora eu quero lhes perguntar: O seu pastor é sacerdote ou amigo?

Ildeilson Santos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A volta de Jesus...

Jesus voltou em uma viagem que fiz!
Recentemente fui extremamente abençoado por alguns irmãos da SIBV (Segunda Igreja Batista na Cidade de Valença), com uma viagem que há certo tempo fazia parte dos meus sonhos. (Conhecer várias cidades de Minas Gerais, principalmente as históricas, como: Ouro Preto, Congonhas, São João Del Rei, Caeté, Tiradentes, Lavras, Poços de Caldas e outras).
Estes lugares que excedem a uma beleza exuberante e um contexto histórico que nos permitem realmente uma viagem pelo túnel do tempo, nos aproximando de nossos antepassados, ampliando consideravelmente a visão cultural, social e espiritual, foi simplesmente fantástico, apoteótico. Aproveitando a oportunidade, resolvemos estender um pouco mais a viagem em direção a Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro), somente hoje entendo porque – CIDADE MARAVILHOSA, (claro! passamos apenas pelos pontos turísticos e mais badalados da cidade que já estão sendo reformados e preparados para a Copa do Mundo de 2014), e acabamos por findar nosso tour em Rio das Ostras, Búzios, Capo Frio e Arraial do Cabo. Pra quem já conhece estas cidades, sabe do que estou falando, para aqueles que não as conhece, fico triste por não conseguir encontrar palavras que descrevam tamanha beleza e manifestação do amor de Deus.
Você pode estar perguntando o que esta viagem tem a ver com o tema deste texto? A VOLTA DE JESUS...
Por instantes caí no pecado de pensar que estava no paraíso, caí no pecado de não me lembrar dos milhares de meus irmãos que são impossibilitados de conhecer tantas maravilhas, cheguei a acreditar que Deus de fato é brasileiro, que nada mais existia além do belo que estava diante dos meus olhos. Jesus voltou naquele momento e ali estava eu, despercebido, não estava vigiando, Ele veio como ladrão, e me pegou despercebido – (Mt 24.42-44).
O propósito principal da viagem foi um congresso profético de cunho escatológico, que abordou questões acerca da volta de Jesus, o arrebatamento da igreja, colocações neste sentindo. Oradores bem instrumentalizados no tema deixaram o encontro ainda mais dinâmico e inteligente. Pessoas de diversas cidades do Brasil e algumas pessoas do exterior acrescentaram um brilho interessante ao evento, que não deixou nada a desejar quando o assunto é luxo e boa comodidade.
Foram quatro dias de congresso, palestras e louvores que apontavam para a volta de Jesus, para sua iminente descida do céu, sua repulsa ao Estado Norte Americano e aos inimigos de Israel. Uma verdadeira torcida para que Jesus voltasse a fim de exterminar, eliminar, fazer desaparecer do mapa países que se declaram inimigos de Israel. Fiquei embasbacado com o sentimento “cristão” de horror e morte frente aos inimigos. “Esperança Renovada foi o tema norteou todo o congresso”.
Não quero parecer critico ou cético, muito menos alguém decepcionado com a igreja institucionalizada. Mas preciso fazer algumas ponderações que acredito ser interessante para algumas pessoas que acreditam como eu na volta de Jesus.
Existem diversos perigos em torno dos mais místicos quando o assunto é a volta de Jesus. Ouço sempre e me arrepio quando alguém quer de alguma forma associar acontecimentos catastróficos, como guerras entre alguns países, principalmente do oriente médio, e da mãe natureza revoltada com as constantes agressões causadas pelo homem. Para alguns mais radicais estes acontecimentos são os prenúncios da volta de Jesus. Associações e interpretações perigosas que causam assombro, e no meu ponto de vista, tiram assim o verdadeiro foco da mensagem escatológica de Jesus e dos evangelhos.
Não temos dúvida de que Jesus Cristo nosso Senhor, já tem voltado todos os dias para milhares de cristãos e não cristãos no mundo todo. Se a volta de Jesus não for diária, o evangelho não teria sentido. Jesus volta sempre que alguém divide o pão de cada dia, sempre que alguém compreende a mensagem de amor e graça que faz da pessoa um ser humano de fato. Existem aqueles que usam, muitas vezes, Israel como a bússola, como a cartilha, como o caminho que indica a volta de Jesus. Esquecendo que a bússola, a cartilha o caminho são os milhares de milhares de esfomeados, rejeitados, abandonados, encrausulados, oprimidos, humilhados e injustiçados que estão ao nosso lado diuturnamente. Para estes sinais fechamos os olhos, viramos as costas.
Não assumimos nosso papel diante a iminente volta de Jesus. Sim, ele vem, creio nisso piamente, por isso também sou chamado cristão, por crer, e ser discípulo. Discípulo é aquele que segue e que faz igual ou parecido. Jesus disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida” - (João 14.6). Ele é o caminho que nos leva em direção ao outro, ao pobre, ao desprovido de amor, graça e misericórdia, é o caminho que nos leva ao encontro de todos que sofrem com as injustiças, não somente aquelas causadas pelo governo, mas também pela Igreja. Ele é a verdade que alumia os caminhos mentirosos da morte, que revela o escondido nos corações traiçoeiros. Ele é a vida que emana da misericórdia e que projeta o ser humano para dentro, ou seja, para o centro do Reino de Deus.
Quando Cristo voltar, ele devolverá o reino a Deus. "Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte" (1 Coríntios 15:23-26). Cristo está reinando agora. Ele reinará até que o último inimigo seja destruído. Então ele devolverá o reino ao seu Pai. O projeto do Pai é dividir seu Reino entre os pobres, aqueles que são como crianças, ou seja, desprotegidos e abandonados em muitos casos.
Jesus é a vida, e seu maior inimigo é a morte.
Morte é uma agressão a vida... Quem não se importa com a volta diária de Jesus e deixa seu irmão caído à beira do caminho está ao lado da morte, é cúmplice dela, estes já estão mortos são inimigos de Jesus, por conta disso, sua morada é fora do Reino, pois Jesus voltou e eles estavam despercebidos...
Jesus voltou agora!                                                 
Deus nos abençoe.
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